Interseccionalidade na Psicoterapia: Fatores Críticos e Desafios no Atendimento a Homens Negros Gays

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/idonline.v18i74.4115

Palavras-chave:

fatores críticos na psicoterapia, interseccionalidade, raça, psicoterapia, sexualidade

Resumo

Este estudo investigou os fatores críticos no atendimento psicoterapêutico de homens negros gays. Realizou-se uma pesquisa qualitativa e exploratória com quatro psicoterapeutas de Rondônia, utilizando o Método Fenomenológico de Investigação em Psicologia para análise das entrevistas. Identificaram-se quatro fatores principais: Consciência Interseccional da Opressão (CIO), Desafios da Prática Interseccional (DPI), Perspectiva Interseccional Dinâmica (PID) e Dissonância Identitária Psicoterapêutica (DIP). Conclui-se que compreender e integrar esses fatores críticos podem prevenir erros e aumentar a eficácia do atendimento. Tais fatores podem contribuir com a formação de psicoterapeutas, a partir de clara adoção da interseccionalidade com clientela multiidentitária minorizada. Sugere-se que futuros estudos devem avaliar a aplicação desses fatores em outras configurações interseccionais e investigar criticamente o atendimento a diversas populações sujeitas a várias formas de opressão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leandro Aparecido Fonseca Missiatto, Escola da Magistratura do Estado de Rondônia (Emeron)

Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade do Valeo do Rio dos Sinos (UNISINOS), Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Graduado em Psicologia pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (Facimed). Analista Processual em Psicologia no Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) e Docente na Pós-Graduação em Direito para Carreira da Magistratura na Escola da Magistratura do Estado de Rondônia (EMERON). Pesquisador em raça, diversidade, gênero, colonialidade/decolonialidade, Direitos da Natureza e Amazonidades, e autor do livro “Colonialidade Normativa”.

Janine Kieling Monteiro, Universidade do Valeo do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Doutora em Psicologia (2000), mestra em Psicologia (1995), graduada em Psicologia (1991) todos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq desde 2009. Vinculada à Universidade do Valeo do Rio dos Sinos (UNISINOS), desde 2000, é Professora Titular nos cursos de Psicologia, Direito e Administração, e nos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e Gestão e Negócios. Coordena o LABORClínica. Participa do Grupo de Pesquisa em Liderança e Gestão de Pessoas na Unisinos e atua como consultora de empresas em Gestão de Pessoas.

Referências

ADDISON, S. M.; COOLHART, D. Expanding the therapy paradigm with queer couples: a relational intersectional lens. Family Process, v. 54, n. 3, p. 435–453, 2015. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26356768/. Acesso em: 10 mar. 2024. DOI: https://doi.org/10.1111/famp.12171

ANDERS, C. et al. Attending to the intersectionality and saliency of clients’ identities: a further investigation of therapists’ multicultural orientation. Journal of Counseling Psychology, v. 68, n. 2, p. 139–148, 2021. DOI: https://doi.org/10.1037/cou0000447

BOWLEG, L. “Once you've blended the cake, you can't take the parts back to the main ingredients”: Black gay men’s descriptions and experiences of intersectionality. Sex Roles, v. 68, n. 11-12, p. 754-767, 2013. DOI: https://doi.org/10.1007/s11199-012-0152-4

BRINKMAN, B. G.; DONOHUE, P. Doing intersectionality in social justice oriented clinical training. Training and Education in Professional Psychology, v. 14, n. 2, p. 109–115, 2020. DOI: https://doi.org/10.1037/tep0000274

CARVALHO, F. R.; MISSIATTO, L. A. F. Raça e classe social na clínica psicológica: concepção de estagiários do interior da Amazônia Legal. Psicologia & Sociedade, v. 33, p. 1-19, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-0310/2021v33250991

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de psicólogas, psicólogos e psicologues em políticas públicas para população LGBTQIA+. Brasília: CFP, 2023. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2023/06/RT_LGBT_crepop_Web.pdf. Acesso em: 20 nov. 2024.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Relações raciais: referências técnicas para atuação de psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/09/relacoes_raciais_web.pdf. Acesso em: 20 nov. 2024.

CHANG, D. F.; YOON, P. Ethnic minority clients' perceptions of the significance of race in cross-racial therapy relationships. Psychotherapy Research, v. 21, n. 5, p. 567-582, 2011. DOI: https://doi.org/10.1080/10503307.2011.592549

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Intersectionality. Polity, 2016.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do psicólogo. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf. Acesso em: 20 nov. 2024.

CONSTANTINE, M. G. Racial microaggressions against African American clients in cross-racial counseling relationships. Journal of Counseling Psychology, v. 54, n. 1, p. 1-16, 2007. DOI: https://doi.org/10.1037/0022-0167.54.1.1

CRENSHAW, K. Demarginalizing the intersection of race and sex: A Black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, v. 1989, n. 1, p. 139-167.

CYRUS, K. Multiple minorities as multiply marginalized: Applying the minority stress theory to LGBTQ people of color. Journal of Gay & Lesbian Mental Health, v. 21, n. 3, p. 194-202, 2017. DOI: https://doi.org/10.1080/19359705.2017.1320739

DE ALWIS, S.; HERNWALL, P. A review of methodological choices relating to work-life boundary research. Managing Global Transitions, v. 19, n. 1, p. 73-101, 2021. DOI: https://doi.org/10.26493/1854-6935.19.73-101

DENES, D. M. et al. A formação em psicologia na Amazônia ocidental – entre a dominação hegemônica e as desigualdades – uma análise das grades curriculares de Rondônia. In: FERNANDES, E. G.; LOPES, F. R.; SILVA, L. G. (Orgs.). Insurgências amazônicas: saberes e fazeres em Psicologia. Porto Velho, RO: Coleção Pós-Graduação da UNIR - EDUFRO, 2021. p. 53-71.

FERGUSON, A. D.; MIVILLE, M. L. It’s complicated: Navigating multiple identities in small town America. Journal of Clinical Psychology, v. 73, n. 8, p. 975–984, 2017. DOI: https://doi.org/10.1002/jclp.22507

GIORGI, A. The descriptive phenomenological method in psychology: A modified Husserlian approach. Duquesne University Press, 2009.

GOMES, R. C. Subúrbios existenciais: percepções de saúde mental de homens negros gays. Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, Brasil, 2022.

HANKIVSKY, O. Rethinking care ethics: On the promise and potential of an intersectional analysis. American Political Science Review, v. 108, n. 2, p. 252-264, 2014.. DOI: https://doi.org/10.1017/S0003055414000094

HAN, W.; TANG, Y.; WANG, J. The effect of identity salience on residents’ engagement with place branding during and post COVID-19 pandemic. Sustainability, v. 15, p. 357, 2023. DOI: https://doi.org/10.3390/su15010357

INGRAM, K. M.; CHAUDOIR, S. R.; O’BRIEN, K. H. Examining the health and well-being of young Black men who have sex with men in the context of intersecting identities. American Journal of Orthopsychiatry, v. 89, n. 6, p. 725-734, 2019..

IVEY, A. E.; IVEY, M. B.; ZALAQUETT, C. P. Intentional interviewing and counseling. 8. ed. Belmont, CA: Brooks/Cole, 2014.

KIVLIGHAN, D. M. et al. Examining therapist effects in relation to clients’ race-ethnicity and gender: an intersectionality approach. Journal of Counseling Psychology, v. 6, n. 1, p. 122–129, 2019. DOI: https://doi.org/10.1037/cou0000316

KUPER, L. E.; COLEMAN, B. R.; MUSTANSKI, B. S. Coping with LGBT and racial–ethnic-related stressors: A mixed-methods study of LGBT youth of color. Journal of Research on Adolescence, v. 24, n. 4, p. 703-719, 2014. DOI: https://doi.org/10.1111/jora.12079

MCCONNELL, E. A. et al. Multiple minority stress and LGBT community resilience among sexual minority men. Psychology of Sexual Orientation and Gender Diversity, v. 5, n. 1, p. 1–12, 2018. DOI: https://doi.org/10.1037/sgd0000265

MEYER, I. H. Prejudice, social stress, and mental health in lesbian, gay, and bisexual populations: Conceptual issues and research evidence. Psychological Bulletin, v. 129, n. 5, p. 674-697, 2003. DOI: https://doi.org/10.1037/0033-2909.129.5.674

MEYER, I. H. Identity, stress, and resilience in lesbians, gay men, and bisexuals of color: Intersections of race and sexual orientation. American Journal of Orthopsychiatry, v. 80, n. 4, p. 519-529, 2010.

MISSIATTO, L. A. F.; MONTEIRO, J. K. Revisão integrativa: interseccionalidade negra e LGBTQIA+ na Psicologia Clínica. Diaphora, v. 11, n. 1, p. 23–29, 2022. DOI: https://doi.org/10.29327/217869.11.1-4

MORADI, B. et al. A content analysis of literature on trans people and issues: 2002–2012. The Counseling Psychologist, v. 44, p. 1–36, 2016.

NADAL, K. L. et al. Subtle and overt forms of Islamophobia: Microaggressions toward Muslim Americans. Journal of Muslim Mental Health, v. 6, n. 2, p. 15-37, 2011. DOI: https://doi.org/10.3998/jmmh.10381607.0006.203

PACHANKIS, J. E. et al. Sexual orientation concealment and mental health: A conceptual and empirical review. Psychological Bulletin, v. 146, n. 10, p. 831-871, 2020. DOI: https://doi.org/10.1037/bul0000271

PATALLO, B. J. The multicultural guidelines in practice: Cultural humility in clinical training and supervision. Training and Education in Professional Psychology, v. 13, n. 3, p. 227–232, 2019. DOI: https://doi.org/10.1037/tep0000253

PETTYJOHN, M. E.; TSENG, C.; BLOW, A. J. Therapeutic utility of discussing therapist/client intersectionality in treatment: When and how? Family Process, v. 59, n. 2, p. 313–327, 2020. DOI: https://doi.org/10.1111/famp.12471

SMITH, L.; REDINGTON, R. M. Class dismissed: Making the case for the study of classist microaggressions. In: SUE, D. W. (Org.). Microaggressions and marginality: Manifestation, dynamics, and impact. Hoboken, NJ: Wiley, 2010. p. 269–285. DOI: https://doi.org/10.1037/e616712009-001

STRYKER, S. Identity competition: Key to differential social movement participation. In: STRYKER, S.; OWENS, T.; WHITE, R. (Orgs.). Self, identity, and social movements. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2000. p. 21-40.

SUE, D. W. et al. Counseling the culturally diverse: Theory and practice. 9. ed. Hoboken, NJ: Wiley, 2022.

SUE, S. et al. Racial microaggressions in everyday life: Implications for clinical practice. American Psychologist, v. 67, n. 7, p. 532-544, 2012.

SCHUCMAN, L. V. Branquitude: entrevista com Lia Vainer Schucman. In: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA; COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Orgs.). Psicologia brasileira na luta antirracista: volume 1. CFP, 2022. p. 32-48.

VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, v. 22, n. 44, p. 203–220, 2014. DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977

YAKUSHKO, O.; DAVIDSON, M. M.; WILLIAMS, E. N. Identity salience model: A paradigm for integrating multiple identities in clinical practice. Psychotherapy, v. 46, p. 180–192, 2009. DOI: https://doi.org/10.1037/a0016080

Downloads

Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

Artigos