Impactos da Jornada de Trabalho no Século XXI: O Adoecimento Psicossomático do Trabalhador

Autores

Palavras-chave:

Jornada de trabalho, Estresse ocupacional, Angústia psicológica, . Precarização do trabalho., Saúde do trabalhador, Ergonomia, Humanização da assistência.

Resumo

A jornada de trabalho configura-se como um dos principais eixos estruturantes da vida do trabalhador contemporâneo, pois interfere diretamente em sua saúde física, mental e psicológica. O aumento da carga horária, a intensificação das tarefas e a precarização das condições laborais são recorrentes em um cenário marcado pela lógica produtivista e pelo modelo neoliberal, que transforma o tempo de vida em tempo de produção. Essa realidade integra o processo de “privatização da existência”, no qual o sujeito é submisso ao capital, perdendo autonomia e saúde em prol de metas inatingíveis. O presente estudo teve como objetivo analisar os impactos da jornada de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores, com ênfase no adoecimento físico, mental e psicológico. A partir de uma abordagem teórico-metodológica, baseada em revisão integrativa da literatura, foram selecionados 13 artigos publicados de 2016 a 2025, mediante busca no Google Acadêmico. Os resultados indicam a predominância de estudos teóricos, com escassez de pesquisas empíricas, o que reforça a necessidade de investigações no contexto real de trabalho. Identificou-se como principal consequência da jornada de trabalho o surgimento de impactos físicos, que resultam em fadiga, estresse ocupacional e um aumento no risco de acidentes de trabalho. Registra-se também os impactos mentais, como o desgaste mental e o esgotamento emocional como consequências diretas de múltiplas responsabilidades e longas jornadas, características do Burnout. Some-se a isso ainda os impactos psicológicos, onde a sobrecarga de trabalho e as condições laborais precárias contribuem para o desenvolvimento de adoecimentos psicológicos. As fontes consultadas demonstram que a organização do trabalho pode conter elementos patogênicos, promovendo sofrimento ético, subjetivo e existencial. Destacam-se, ainda, nesse contexto, as cobranças excessivas por produtividade, a falta de escuta institucional e a ausência de ergonomia no ambiente laboral. Com base na literatura, apontam-se medidas como a redução da jornada, criação de espaços de acolhimento psicológico, adoção de medidas ergonômicas e regulamentação do direito à desconexão digital. Conclui-se que o enfrentamento desse cenário depende da reestruturação geral das condições de trabalho e exige práticas de gestão humanizadas, políticas públicas efetivas, fiscalização rigorosa das normas trabalhistas e a implementação de medidas ergonômicas, que adaptem o trabalho às capacidades reais dos indivíduos, preservando sua saúde integral.

 

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Biografia do Autor

Luciana de Araújo Mendes Silva, Faculdade Patos de Minas (FPM)

Doutora em Promoção de Saúde (UNIFRAN). Docente do Departamento de Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Faculdade Patos de Minas.

Gilmar Antoniassi Junior, Faculdade Patos de Minas (FPM)

Mestre, Doutor e Pós-doutor em Promoção da Saúde pela Universidade de Franca (UNIFRAN); Especialista em Saúde Pública e do Trabalhador; Docência do Ensino Superior pela Faculdade Patos de Minas (FPM). Graduado em Psicologia pela Faculdades Integradas de Fernandópolia (FIFE). Professor Titular do Departamento de Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Faculdade Patos de Minas (FPM). Coordenador do Curso de Graduação e Pós-graduação em Psicologia do Departamento de Psicologia da Faculdade Patos de Minas (FPM).

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Publicado

2025-10-31

Como Citar

Silva, F. de P., Silva, L. de A. M., & Antoniassi Junior, G. (2025). Impactos da Jornada de Trabalho no Século XXI: O Adoecimento Psicossomático do Trabalhador. ID on Line. Revista De Psicologia, 19(78), 283–305. Recuperado de https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/4269

Edição

Seção

Artigo de Revisão