Os Efeitos e a Eficácia do Azul de Metileno na Sepse e no Choque Séptico: Uma Revisão Integrativa da Literatura / The Effectiveness of Methylene Blue on Sepsis and Septic Shock: An Integrative Literature Review

Autores

  • Lucas Gomes de Freitas Lima Faculdade Santa Maria (FSM)
  • Luciana Modesto de Brito Faculdade Santa Maria (FSM)
  • Kassandra Lins Braga Faculdade Santa Maria (FSM)
  • Macerlane de Lira Silva Faculdade Santa Maria (FSM)

DOI:

https://doi.org/10.14295/idonline.v14i53.2892

Palavras-chave:

Sepse. Choque séptico. Azul de metileno

Resumo

Resumo: Define-se sepse como uma “disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção”. Sob essa perspectiva, o choque séptico é conceituado como “um subconjunto da sepse, em que anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas estão associadas com maior risco de mortalidade”. A sepse afeta entre 27 e 30 milhões de pessoas todo ano, das quais 7 a 9 morrem em sua decorrência. No Brasil, estima-se que a incidência seja de, aproximadamente, 600 mil casos por ano. Novas alternativas têm sido buscadas para melhorar o tratamento destas entidades, visando o resultado de maior sobrevida. Uma destas alternativas é o azul de metileno, droga que age na fisiopatologia da sepse e do choque séptico. Trata-se de uma revisão integrativa, em que a questão norteadora é: quais os efeitos e a eficácia do azul de metileno na sepse e no choque séptico? A pesquisa foi realizada durante o segundo semestre de 2019, por meio das seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Cochrane Library (Biblioteca Cochrane; e através da busca avançada e o uso do conectivo “AND”, utilizando-se os “Descritores em Ciências da Saúde”: “sepse” e “azul de metileno” e seus respectivos correspondentes “MeSH”: “sepsis” e “methylene blue”. Apenas ensaios clínicos com grupo controle foram selecionados. meio da pesquisa científica citada, foi possível selecionar três estudos clínicos intervencionistas controlados. É digno de nota que seis ensaios clínicos da base de dados “Cochrane” estavam com status correspondente a “resultados não postados” até a data final de coleta de artigos desta revisão. A sepse promove diversas disfunções na resposta imune orgânica, destacando-se, para o escopo desta revisão, a menor responsividade a vasoconstritores induzida pelo óxido nítrico e, desse modo, mantendo a hipotensão. Nesse contexto surge o mecanismo de ação do azul de metileno (AM), visto que este fármaco tem a capacidade de restaurar a resposta vascular ao choque séptico, revertendo a hipotensão, por meio da inibição da guanilato ciclase, e, dessa forma, bloqueando a via do óxido nítrico. Em relação à taxa de mortalidade, dois estudos não evidenciaram melhora com o uso do azul de metileno, enquanto um ensaio mostrou benefício, porém sem significância estatística. Observa-se que existem resultados controversos no que diz respeito à melhora da taxa de mortalidade na sepse e no choque séptico quando se utiliza o fármaco azul de metileno. Assim, fazem-se necessários novos ensaios clínicos controlados para atestar o real benefício dessa droga na prática clínica, visto que os estudos da literatura atual ainda são escassos, além de terem pequeno número de participantes. Nesse contexto, é importante ressaltar que tal crítica está sendo solucionada, visto que existem estudos em andamento (datando de 2019 e 2020, da base de dados “Cochrane”, por exemplo), os quais foram excluídos desta revisão por ainda apresentarem “resultados não postados”. Tal fato demonstra, inclusive, a retomada do interesse de pesquisa e eventual uso do azul de metileno na sepse e no choque séptico.

 

 

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Biografia do Autor

Lucas Gomes de Freitas Lima, Faculdade Santa Maria (FSM)

[1] Curso de Medicina da Faculdade Santa Maria (FSM), Cajazeiras – PB, Brasil;

Luciana Modesto de Brito, Faculdade Santa Maria (FSM)

[2] Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina Nova Esperança – FAMENE e em Administração pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. Especialização em Preceptoria em residência médica no SUS pelo Hospital Sírio-Libanês. Especialização em Medicina Intensiva pela Faculdade Redentor; Mestranda em Sistemas Agroindustriais pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Docente na Faculdade Santa Maria (FSM), Cajazeiras – PB, Brasil;

Kassandra Lins Braga, Faculdade Santa Maria (FSM)

[3] Professora do curso de Medicina da Faculdade Santa Maria (FSM), Membro da Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso deste artigo.  [email protected]

Macerlane de Lira Silva, Faculdade Santa Maria (FSM)

[4] Professor do curso de Medicina da Faculdade Santa Maria (FSM), Membro da Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso deste artigo. [email protected].

 

 



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Publicado

2020-12-28

Edição

Seção

Artigo de Revisão