A Construção Histórica do Estigma sobre o Conceito de Dependência de Álcool / The Historical Construction of Stigma on the Concept of Alcohol Dependence

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/idonline.v13i44.1612

Palavras-chave:

Estigma Social, Desenvolvimento, Dependência de Álcool.

Resumo

O uso de substâncias psicoativas tal como álcool é uma prática milenar e universal que acompanha a humanidade desde seus tempos mais remotos. Ao longo da história diversas condições de saúde passaram a ser alvo de estigmas manifestos pela população geral, especialmente no que tange os transtornos mentais e o abuso de álcool. Atualmente, existem diversos estigmas direcionados ao alcoolismo. Objetivos: A presente pesquisa visou investigar, por meio de revisão integrativa, como se construiu historicamente o estigma sobre o conceito de dependência de álcool. Método: Foram utilizadas publicações científicas, datando do período de 1997 a 2017 consultadas nas bases de dados Scielo, Pepsic, LILACS, Portal de periódicos CAPES e BVS, utilizando os descritores estigma social, dependência de álcool e alcoolismo de acordo com o grau de relevância destes diante da temática principal e/ou dos subtemas relacionados. Resultados: Ao final da pesquisa, foram selecionados 24 artigos, 7 livros, 3 capítulos de livros, 3 dissertações de mestrado e 4 teses de doutorado. Discussão: Verificou-se que ao longo da história, os problemas decorrentes do uso de álcool foram interpretados pela sociedade como comportamentos desviantes, fazendo com que as concepções de dependência de álcool e por consequência do estigma sobre o dependente de álcool caminhassem em paralelo, acarretando consequências negativas para a vida do sujeito dependente. Conclusão: Para que seja possível o enfrentamento do estigma é necessário que se tenha entendimento sobre o mesmo, portanto, compreender como se construiu o estigma sobre o alcoolista e/ou alcoolismo auxilia na ampliação do entendimento de porque o dependente é visto como “fraco” “degenerado” “mau caráter”, dentre outros adjetivos, desviando este mesmo entendimento do conceito de doença conforme literatura especializada.

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Biografia do Autor

Aislan José Oliveira, Universidade Metodista de São Paulo

Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, doutorando em Psicologia da saúde pela Universidade Metodista de São Paulo, Mestre em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e Especialista em Dependências Químicas. Atua como Psicólogo clínico e professor universitário com experiência na área de Psicologia clínica e Avaliação Psicológica, com ênfase em Dependências Químicas atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento (Comunidades Terapêuticas, Clínicas e Centro de Atenção Psicossocial), estruturação de serviços de tratamento, desenvolvimento, análise, avaliação e implementação de Programas Terapêuticos.

Flávia Fernanda Ferreira de Andrade, Centro Universitário Campos de Andrade

Psicóloga Clínica

Luiz Roberto Marquezi Ferro, Universidade Metodista de São Paulo

Doutorando em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo. Mestre em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca. Possui pós graduação em filosofia e ensino de filosofia (2011) pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais; graduação em Teologia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto (2003), graduação em Psicologia pela Universidade Paulista - UNIP (2011), graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (2007) e graduação em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto (1999). Foi professor no Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto.

Marco Aurélio Ramos de Almeida, Universidade Metodista de São Paulo

Possui graduação em Enfermagem pela União Social Camiliana (2006) e graduação em Tecnologia em Radiologia Médica pela União Social Camiliana (2003). Atualmente é especialista em Enfermagem Cardiovascular pela UNIFESP (2008), mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo (2012), doutorando em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo e docente do curso de graduação de enfermagem na Universidade Cruzeiro do Sul.

Cristina de Fátima Ventura, Universidade Metodista de São Paulo

Doutoranda em Psicologia da Saúde na Universidade Metodista de São Paulo e mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo com especialização em Administração Hoteleira no Centro Universitário SENAC. Graduada e Licenciada em Psicologia pela Universidade Católica de Santos. Experiência com psicologia organizacional nas áreas de recrutamento, seleção , treinamento e desenvolvimento de pessoal em empresas de grande porte. Relevante experiência na área de educação na gestão de cursos da educação profissional e também na pós-graduação latu senso. Gestão administrativa e pedagógica de cursos nas diversas áreas do conhecimento, com experiência em gestão de pessoas.

Regina Fujiko Tagava, Universidade Metodista de São Paulo

Doutorando em Psicologia da Saúde na Universidade Metodista de SP e mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Católica de Santos. Graduada em Pedagogia com especialização em Orientação Educacional e Administração Escolar pela Fundação Santo André, com formação em Psicodrama e Sociodrama Pedagógico pelo GETEP e Pós-Graduações Lato Sensu em Gestão da Qualidade Total pela Fundação Getúlio Vargas; Administração em Recursos Humanos pela Universidade São Judas Tadeu; e Gestão Educacional pela PUC Campinas. Atuação em Recursos Humanos em empresas de grande porte durante 15 anos. Atualmente coordenadora pedagógica e supervisora educacional da instituição Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC/SP; e professora tutora nos cursos de educação à distância da Estácio/UniSeb. Pesquisadora da área de Gestão de Competência, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão de Negócios da Universidade Católica de Santos.

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Publicado

2019-02-27

Edição

Seção

Artigo de Revisão