Dependências de Substâncias Psicoativas: Um Estudo sobre a Representação Social do Dependente e do Tratamento / Dependencies of Psychoactive Substances: A Study on the Social Representation of Dependent and Treatment

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/idonline.v13i44.1606

Palavras-chave:

Dependência Química, Representação Social, Saúde/Doença, Intervenção, Tratamento.

Resumo

Introdução: A busca de entendimento sobre os processos da saúde e do adoecer é uma história de construções de significados sobre a natureza, as funções e a estrutura do corpo e ainda sobre as relações corpo-espírito e pessoa-ambiente. Essas significações têm sido “transformadas” ao longo dos tempos, constituindo diferentes representações na cultura, bem como aspectos sociais, políticos, religiosos e científicos dentre outros. Objetivos: O presente trabalho visa uma revisão histórica da literatura objetivando entender inicialmente como se construiu  a representação social do dependente químico e posteriormente como isso influencia na propostas de intervenções no âmbito do tratamento. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória e de revisão bibliográfica. Foram consultadas as bases de dados: Scielo, Pepsic, LILACS e BVS considerando publicações que abordassem de forma os objetivos desta pesquisa. Resultados: Foram selecionados 27 referências bibliográficas que ajudaram a responder aos objetivos desta pesquisa. Discussão: Foi possível perceber que a forma de pensar e entender a origem e evolução das dependências de substâncias psicoativas transitam entre as esferas biológica, psicológica e social até uma origem pecaminosa e de criminalidade e que historicamente duas áreas disputam a hegemonia no campo das dependências de substâncias psicoativas: a Medicina e a justiça.  Conclusões: O entendimento sobre das intervenções  a dependência de substâncias psicoativas no Brasil inicialmente não foram entendidas como problema de saúde e sim como um problema de segurança pública e tiveram por muitas décadas todas suas estratégias de ação voltadas a esse foco, sendo então carregadas e permeadas de interpretações morais, legais e posteriormente médicas, sugerindo as origens de algumas incoerências encontradas nas políticas públicas do tema na atualidade.

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Biografia do Autor

Aislan José Oliveira, Universidade Metodista de São Paulo

Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, doutorando em Psicologia da saúde pela Universidade Metodista de São Paulo, Mestre em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e Especialista em Dependências Químicas. Atua como Psicólogo clínico e professor universitário com experiência na área de Psicologia clínica e Avaliação Psicológica, com ênfase em Dependências Químicas atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento (Comunidades Terapêuticas, Clínicas e Centro de Atenção Psicossocial), estruturação de serviços de tratamento, desenvolvimento, análise, avaliação e implementação de Programas Terapêuticos.

Luiz Roberto Marquezi Ferro, Universidade Metodista de São Paulo

Doutorando em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo. Mestre em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca. Possui pós graduação em filosofia e ensino de filosofia (2011) pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais; graduação em Teologia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto (2003), graduação em Psicologia pela Universidade Paulista - UNIP (2011), graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (2007) e graduação em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto (1999). Foi professor no Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirao Preto.

Diego Gantes Rosa, Centro Universitário Campos de Andrade

Psicólogo clínico

Manuel Morgado Rezende, Universidade Metodista de São Paulo

Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1979), mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1993) e doutorado em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas (1999). Pós-Doutorado em Psicologia da Saúde pela Universidade do Algarve. Professor Titular da Universidade Metodista de São Paulo. Professor convidado do Doutoramento em Psicologia da Universidade do Algarve, Portugal.Professor aposentado da Universidade de Taubaté. Presidente fundador da Associação Brasileira de Psicologia da Saúde (ABPSA) período ( 2006-2008). Presidente atual da Associação Brasileira de Psicologia da Saúde ( 2015 - 2017) Editor da revista Mudanças: Psicologia da Saúde ( 2008-2011). Membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Lider do Grupo de Pesquisa do CNPq Processos psicossociais na promoção de Saúde. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em psicologia da saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: riscos à saúde mental e à vida, abuso de substâncias, prevenção e tratamento de dependência de drogas, paternidade e promoção de saúde grupal e comunitária. Faz parte da rede de pesquisas sobre drogas do SENAD. Editor Associado da Revista Psicologia Saúde & Doenças. Membro do Conselho científico das revistas; Boletim de Psicologia, Revista Latino-americana de Psicopatologia Fundamental.

Adriano Luís Alves Watanabe, Universidade Tuiuti do Paraná, UTP

5 Psicólogo, Mestre em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, UTP. Professor Universitário da Fundação de Ação Social de Curitiba, Brasil. E-mail: adriano.watanabe@hotmail.com.

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Publicado

2019-02-27

Edição

Seção

Artigo de Revisão