Readaptação Funcional: Uma voz silenciada no canto da Escola / Functional Readaptation: A Silenced Voice In The School Corner

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14295/idonline.v13i44.1620

Palavras-chave:

Readaptação profissional. Sofrimento. Condição laboral

Resumo

A pesquisa que se propôs a entender o sentido do processo de readaptação funcional vivenciada pelos professores efetivos da rede pública municipal do município de Banabuiú-CE, discorrendo sobre os impactos que este processo produz na vida desses trabalhadores. Parte do pressuposto de que a reinserção no trabalho pela readaptação possui importante significado para o trabalhador a ser compreendido, pois seu afastamento por motivo de saúde gera uma nova condição laboral, social e simbólica, levando-o a vivenciar relações singulares sucedidas no próprio ambiente de trabalho, além de sentimentos de perda, incompreensão, frustração e fracasso, afetando não somente a sua atuação profissional, mas uma ameaça a sua própria identidade. Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa realizada por meio de entrevistas com os sujeitos em situação de readaptação funcional. Para uma melhor compreensão do estudo e avaliação dos resultados, as falas dos sujeitos foram registradas por meio de uma escuta sensível por parte do pesquisador e divididas em blocos para análises emitidas a partir dos trechos dos discursos retirados das entrevistas com os professores e gestores. Trata-se de uma forma de ordenação dos resultados, realçando o ponto de vista dos próprios trabalhadores. Os resultados demonstraram que a readaptação se efetiva em um ambiente precarizado, com relações pessoais degradantes e viabilizadas por funções desvirtuadas da sua formação profissional, que além de ser fragmentada passa a ser acompanhada por um sentimento de insegurança, desmotivação frente a sua identidade profissional. O trabalho deixa de ter o seu papel estruturante para tornar-se fonte de sofrimento e adoecimento. Apontamos como principais fontes do adoecimento docente a cobrança por resultados e o seu agravamento a falta de politicas municipais para acolher esses profissionais além da falta de sensibilização e compreensão dos professores que estão em sala de aula.

                                                                                 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Valvernages de Farias, Florida Christian University

1 Graduação em Letras pela Universidade Estadual do Ceará, Brasil. Mestrado em Educação pela Florida Christian University. Orlando – FL. [email protected]         

 

Joelson Rodrigues Miguel, Florida Christian University

2 Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade Autonóma de Asunción, Paraguai. Pós Doutorando pela  Florida Christian University. Orlando – FL. [email protected]

 

Referências

ASSUNÇÃO A. A. Saúde e Condições de trabalho nas escolas públicas. In: Andrade D. (org). Reformas Educacionais na América Latina e os Trabalhadores Docentes. Belo Horizonte: Autêntica; 2003. p.87.102.

BALL, Stephen J. Profissionalismo, gerencialismo e performatividade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo: v. 35, n. 126, p. 539-564, set./dez., 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 11 jun. 2018.

______. Lei Federal Nº 8.112. Artigo 24 de 11 de dezembro de 1990.

______. Ministério da Previdência Social. Anuário Estatístico da Previdência Social. Suplemento Histórico. 2008.

COSTA, Marisa Vorraber. Gênero, classe e profissionalismo no trabalho de professoras e professores de classes populares. Porto alegre: Editora Sulina. 1997.

CRUZ, R.M.; LEMOS, J.C.; Atividade Docente, condições de trabalho e processo de saúde. Revista Motrivência. Ano XVII, nº 24, junho/2005.

ESTEVE, João M. O mal-estar docente: a sala de aula e a saúde dos professores. São Paulo: Editora EDUSC; 1999.

FREITAS, H. C. L. A nova política de formação de professores: a prioridade postergada. Educação e Sociedade, Campinas: v. 28, n. 100 – Especial out./2007.

GAMEIRO, Manuel G. H. Sofrimento e Doença. Coimbra: Quarteto. 1999.

GUARESCH, P. Ética e Paradigmas. In: PLONEN, K. S. (org.). Ética e paradigmas na psicologia social. Porto alegre: ABRAPSOSUL, 2003, p. 17-33.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão: guerra e democracia na era do império. Rio de Janeiro: Record, 2005.

KRUGMANN, Taís F. História de vida de professores em processo de readaptação funcional. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campina Grande – MS, 2015.

LACAZ, F. A. de C. Capitalismo organizacional e trabalho – a saúde do docente. Universidade e Sociedade. Brasília: n. 45, ano XIX, p. 51-59, jan. 2010.

MINAYO, Maria C. de S. (org.).O desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde São Paulo - Rio de Janeiro: 14ª edição, HUCITEC-ABRASCO, 2014.

MORSE J. Toward a práxis theory of suffering. Advances in Nursing Science. Apud PAULO J.M.R. As vivências da dor e do sofrimento na pessoa com doença oncológica em tratamento paliativo. Dissertação de Mestrado em Comunicação e Saúde. Universidade Aberta, Lisboa, 2006.

OLIVEIRA, Dalila Andrade. A reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educação e Sociedade. Campinas, v. 25, n. 89, p. 1127-1144, set./dez. 2004.

PARKER, Richard. Interseções entre Estigma, Preconceito e Discriminação na Saúde Pública Mundial. IN MONTEIRO, Simone e VILLELA, Wilza (Org.). Estigma e Saúde. Rio de Janeiro: Faperj, 2013.

PAULO, José. M. R. As vivências da dor e do sofrimento na pessoa com doença oncológica em tratamento paliativo. Dissertação de Mestrado em Comunicação e Saúde. Universidade Aberta, Lisboa, 2006.

REIS, Maria Izabel A. dos. O adoecimento dos trabalhadores docentes na rede pública de ensino de Belém do Pará. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em educação da Universidade Federal do Pará. Belém, 2014.

RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. Revista Atual e Ampliada. São Paulo: Atlas, 4ª edição, 2017.

RODRIGUES, Janete A. O Mal-estar docente: Trabalho, saúde e educação. Dissertação de Mestrado apresentada a Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC. 2009.

SANTOS, Luciana Marques dos. O sentido da readaptação atribuído pelas professoras. Dissertação de Mestrado apresentado ao curso de Pós- Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, MS, 2015.

SILVA, Flávia G. O Professor e a educação: entre o prazer, o sofrimento e o adoecimento. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. SP, 2007.

VIEIRA, Rosimary C. Readaptação Funcional de Professores no Serviço Público: a organização como determinante de conflitos intersubjetivos e dramas pessoais. Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013.

Downloads

Publicado

2019-02-27

Edição

Seção

Artigos